10 de out. de 2010

Era um olhar confuso


A idade bate a nossa porta com um sorriso cruel. E olha que eu nem cheguei perto da terceira idade. Aliás, apenas entrei na idade adulta. Só que o destino quis que eu fosse mãe cedo, e quando isso acontece - as mães leitoras que me corroborem - o tempo voa. Olho para minha filha e para mim, e meu olhar se confunde. Será que foi ela que cresceu rápido demais ou fui eu que esqueci de olhar?
Outro dia saímos juntas e fomos a uma lanchonete. Quando a gente entra num lugar, sempre dá aquela olhadela panorâmica, percebendo o ambiente reconhecendo as pessoas. Aquele lugar estava cheio de jovens em idade de começar a vida sexual. Peraí, minha filha ainda não está nessa fase (espero). Apavorei-me quando percebi os olhares em direção a ela. Será que resolveram todos sair de casa justo hoje?
Essa desgraça de tempo não para, como dizia Cazuza; e ainda, se a gente não se cuidar, nos passa por cima, nos leva disfarçado de rotina, de tarefas do cotidiano, de dias intermináveis e semanas que se volatilizam no espaço. Olho para trás e percebo que a vida só começou, e que já tenho tantas coisas pra contar. Começo a conversar com minha filha coisas sobre o amor, a amizade, sobre as desilusões. E há tão pouco tempo, ela nem andava.
Peço ao tempo desculpas, mas que vá com sua cara de sátiro bater em outra porta, pois meu olhar confuso se clareou, e nada mais me fará perder tempo enquanto essa menina cresce e ganha o mundo.

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