2 de mai. de 2010

Que viagem....

Lá estava eu, mala pronta, limpinha com meu banho tomado, perfumada até, e cheia de ideais revolucionários. Sempre achei que deveria participar dos momentos políticos do meu país, mas ignorava os sacrifícios que teria que fazer. Longe das passeatas, greve de fome ou do chão duro em que dormíamos, refiro-me a viagem de 26 horas, de ônibus, que tivemos que fazer para chegar a Goiânia. Ah!, que saga interminável...
Saímos daqui de Pato Branco à noite, rumo ao 47° Congresso da UNE – União Nacional dos Estudantes – no inverno. No caminho, paradinha em Palmas, 5 graus de puro calor humano. A paisagem embaçada do frio noturno era convidativa ao sono profundo. Deus, quando vou conseguir me esquentar? Feitos os sobes e desces do ônibus, voltamos a viagem.
Você deve imaginar que, em um ambiente fechado como aquele, cheio de estudantes de 3° grau, deve ter rolado a maior orgia da Terra. Ledo engano. Toda a galera é do tipo ‘trabalho em tempo integral / estudo à noite’. Acomodamo-nos e, depois dos colóquios tradicionais, dormimos. A noite passou rápido depois que eu tomei um daqueles remedinhos para enjôo estilo ‘boa noite, Cinderela’.
Acordamos em algum lugar do país entre o Paraná e São Paulo, para o café da manhã e um banho matinal. Esse foi o último banho quente que eu tomei. Já nem tão perfumados assim, continuamos. Eu já sabia tudo da vida de todos quando cruzamos a fronteira com Minas Gerais. Almoçamos, jantamos, e..., ai, que não chega nunca! Continuamos outra vez. Chegamos a Goiânia quando já era madrugada e fomos muito bem recebidos pelos nossos colegas de Maringá, que já haviam chegado algumas horas antes.
Durante o Congresso fiz muitas amizades novas e escrevi em minha história mais uma página do capítulo política e cidadania, que iniciei quando participei das passeatas do ‘Fora Collor’ em Curitiba – sim, eu fui uma cara-pintada.
Nosso alojamento continha toda a sorte de diversidade. Dividimos espaço com os estudantes do Maranhão. Depois de mais de 36 horas sem dormir, de atos ilegais, Tom Zé e Suplicy, a nova diretoria foi eleita e meu papel cumprido.
Muitas discussões, falácias, politicagens, ideologias, risadas, palavras de ordem, banho gelado e falta de sono depois, o retorno para casa. Tem aqueles que acham que o retorno sempre demora mais. É engraçado, pois a viagem pode ser a mesma, mas nossas expectativas são diferentes, na ida e na volta. Todo mundo conhece a sensação da chegada e da partida.
Nosso último almoço foi em São Paulo, num restaurante que tinha um lago com um recanto lindo, cheio de patos brancos nadando...e eu, cheia de saudades de casa.

O caráter singular da língua na Análise de Discurso[1]

Heloisa Cristina Rampi Marchioro [2]             O artigo de Maria Cristina é introdutório, e tem como tema principal falar sobre a...