ECO, Umberto
Record, 1986. 562 p.
O livro de Umberto Eco conta a estória de um mosteiro medieval do séc. XIV, onde Guilherme de Baskerville, monge franciscano racional e humanista de ideais renascentistas, acompanhado pelo noviço beneditino Adso Von Melk, vai à um encontro entre lideranças da Igreja Católica para discutir sobre a riqueza de Jesus Cristo e da própria igreja.
Quando da chegada de Guilherme à abadia, o abade Abbone pede a ele que dedique seu tempo a elucidar acontecimentos que estavam deixando os monges perturbados - a morte misteriosa de Adelmo de Otranto, monge ainda jovem, mas já grande mestre miniaturista, que adornava os manuscritos da biblioteca da abadia. Essa é a primeira de sete mortes, ocorridas em sete dias e sete noites, tempo em que se passa a narrativa.
A biblioteca do mosteiro era conhecida por ser a maior do mundo cristão, e era rodeada por mistérios ainda maiores. Nela, haviam livros proibidos, como em particular, um tratado escrito por Aristóteles, sobre o riso. Como todos os crimes tinham certa ligação com a biblioteca, Guilherme de Baskerville, e seu método dedutivo e experimental de observar os fatos, deduz que lá esteja a solução que todos procuram. Porém, tanto o Abade como Bernardo Gui, defendem uma teoria mais apocalíptica para os crimes, pautada em possessões demoníacas.
O contexto em que a trama é desenvolvida, a Baixa Idade Média, entre os séc. XI e XV é marcado pela queda do feudalismo, e a ascensão do capitalismo na Europa Ocidental. Nesse tempo, sem o advento da imprensa, os pergaminhos com todo o conhecimento da humanidade (Ocidental, em grande parte) eram guardados pela Igreja Católica, afastado de todos, e copiado pelos monges copistas, o que tornava muito obscura a fonte real da verdade. Verdade que a Igreja defendia vir tão somente da Bíblia e da fé Cristã. A igreja achava muito perigoso o conteúdo dos livros que retinha, e procurava refrear o conhecimento a todo custo, impondo seu dogmatismo e monopolizando a informação.
O romance de estréia de Umberto Eco é fascinante, uma obra aberta, cheia de possíveis interpretações, e de uma riqueza de contextualização histórica ímpar. Em alguns momentos o livro se torna um tanto difícil e cansativo, pois além de longos trechos em latim, sem tradução, se desenrolam grandes diálogos sobre fatos históricos, o que o torna ‘escrito para poucos’, na fala do próprio Umberto Eco. A obra tem importância única no entendimento, didádico até, de como se desenrolou a Idade das Trevas, o domínio da Igreja sobre o pensamento crítico e a força política, a força ideológica e doutrinadora que tinha.
Umberto Eco foi filósofo, escritor e linguista italiano, professor da Universidade de Bolonha. Conhecido por seus artigos sobre a estética medieval, linguística e comunicação de massa; mas principalmente sobre a semiótica.
22 de jun. de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
O caráter singular da língua na Análise de Discurso[1]
Heloisa Cristina Rampi Marchioro [2] O artigo de Maria Cristina é introdutório, e tem como tema principal falar sobre a...
-
Banda: O Rappa Compositores: Marcos Lobato / Carlos Pombo As ondas de vaidade Inundaram os vilarejos E minha casa se foi Como fome...
-
Leda Márcia Rizzardo Pareja Procura-se alguém que saiba viver por muitas pessoas. Que saiba chorar na vitória e chorar na derrota, sorri...
-
A língua de que se fala A noção de língua é central para os estudos da linguagem em todas as suas perspectivas. Desde...
Nenhum comentário:
Postar um comentário